segunda-feira, 11 de julho de 2016

Álbuns ao Vivo: ainda são necessários?


Nos anos 1970 e 1980 uma das grandes expectativas dos fãs de rock eram os lançamentos de álbuns ao vivo de suas bandas favoritas. Era uma forma de se ouvir seu heróis executando nos shows seus trabalhos de estúdios. Alguns desses álbuns são considerados clássicos do rock, nivelados em sua importância até mesmo aos discos produzidos em estúdios. Muitos deles ganharam a opinião (praticamente) unânime do público consumidor. Vamos a alguns exemplos:

The Who – “Live At Leeds” - 1970
Deep Purple – “Made in Japan” – 1972
Uriah Heep – “Uriah Heep Live” – 1973
Kiss – “Alive I” - 1975 e “Alive II” - 1977
Led Zeppelin – “The Songs Remains the Same” – 1976
Peter Frampton – “Frampton Comes Alive” – 1976
Rush – “All the World's a Stage” - 1976
Rainbow – “On Stage” - 1977
Thin Lizzy – “Live and Dangerous” – 1978
Judas Priest – “Unleashed the East” – 1979
UFO – “Strangers In The Night” - 1979
Queen – “Live Killers” - 1979
Black Sabbath – “Live at Last” – 1980
U2 – “Under a Blood Red Sky” - 1983
Iron Maiden – “Live After Death” – 1985
Scorpions – “Word Wide Live” – 1985




Quem estuda a cultura rock já deve ter lido que muitos destes discos recebiam um “retoque” especial antes de serem soltos no mercado. Os famosos overdubbings. Algumas partes (ou muitas) do álbum eram retocadas em estúdio, às vezes até mesmo som de plateia era adicionado. Alguns artistas defendem abertamente tal prática, alegando que a captação do som ao vivo apresenta falhas corriqueiras. Para alguns fãs radicais isso soa como enganação.



A cultura dos álbuns ao vivo chegou a um ponto em que muitos discos piratas (“bootlegs”, não lançados oficialmente por gravadoras) fizeram sucesso no mercado paralelo, virando item obrigatório junto a qualquer coleção. Muitos com qualidade irrepreensível (oriundos provavelmente da mesa de som do palco), outros captados com rústicos gravadores de gente do público. Até hoje os colecionadores de LP disputam alguns desses álbuns. Alguns exemplos famosos de live bootlegs são o "Asbury Park" (Black Sabbath, 1975), "Berlin 5.29.70" (Deep Purple, 1970) ou  "Destroyer" (Led Zeppelin, 1977). Em 1994 houve uma disputa judicial por ninguém menos que os remanescentes dos Beatles contra o lançamento de um show da banda de 1961, ocorrido na Alemanha ("Live at Star-Club-Hamburgo"). Hoje tal áudio se encontra facilmente na net. Nos anos 2000, o Pearl Jam, preocupado com a gravação de shows, chegou a lançar oficialmente dezenas de álbuns ao vivo, visando evidentemente em filar mais essa fatia mercadológica.

No Brasil, a prática de se lançar discos ao vivo nunca foi muito intensa. Alguns álbuns foram bem celebrados, seja pela ousadia ou pela força de suas vendas. Podemos citar "Mutantes Ao Vivo" (Mutantes,1976), "Korzus ao Vivo" (Korzus, 1985), "Made Pirata Vol. I e II" (Made in Brazil 1986), "Rádio Pirata ao Vivo" (RPM, 1986), "Barão ao Vivo" (Barão Vermelho, 1989), "RDP ao Vivo" (Ratos de Porão, 1992), "Acústico MTV" (Legião Urbana, 1999), dentre outros.

Mas a era da venda de discos passou, sobrevivendo ainda com pouca força nos dias de hoje. Se discos físicos não são mais objeto de posse dos fãs mais jovens, o que dirá do mercado de álbuns ao vivo? É bem comum hoje em dia a moçada se apegar em 3 ou 4 músicas de um álbum recém lançado, enterrando no passado o termo “B-Side” (oriundo dos 2 lados do antigo bolachão). Além do fato de que dezenas de milhares de vídeos de shows ao vivo são despejados anualmente no youtube, alguns captados desde toscas câmeras de celular até filmagens profissionais de canais de TV. É comum acontecer um show hoje e amanhã poder conferi-lo como foi.

Muitos artistas e gravadoras hoje em dia se relutam até mesmo a gravar um álbum de estúdio, contrafaceando os custos de produção com a arrecadação de vendas dos álbuns. Um investimento salgado num disco ao vivo torna-se então uma aventura arriscada. No máximo o produto planejado é um DVD/Blue Ray.


À luz dos novos costumes, podemos decretar que a cultura dos discos ao vivo vai sobreviver apenas na arte da coleção. E praticada, em sua grande maioria, por gente acima dos 40. Em suma, quem quiser saber como é a performance ao vivo de seus artistas favoritos, torre uma grana para ir ao show, ou então estoure um saco de pipoca e confira como puder, entre seu sofá e sua smart TV.

Álbuns ao Vivo: ainda são necessários?


Nos anos 1970 e 1980 uma das grandes expectativas dos fãs de rock eram os lançamentos de álbuns ao vivo de suas bandas favoritas. Era uma forma de se ouvir seu heróis executando nos shows seus trabalhos de estúdios. Alguns desses álbuns são considerados clássicos do rock, nivelados em sua importância até mesmo aos discos produzidos em estúdios. Muitos deles ganharam a opinião (praticamente) unânime do público consumidor. Vamos a alguns exemplos:

The Who – “Live At Leeds” - 1970
Deep Purple – “Made in Japan” – 1972
Uriah Heep – “Uriah Heep Live” – 1973
Kiss – “Alive I” - 1975 e “Alive II” - 1977
Led Zeppelin – “The Songs Remains the Same” – 1976
Peter Frampton – “Frampton Comes Alive” – 1976
Rush – “All the World's a Stage” - 1976
Rainbow – “On Stage” - 1977
Thin Lizzy – “Live and Dangerous” – 1978
Judas Priest – “Unleashed the East” – 1979
UFO – “Strangers In The Night” - 1979
Queen – “Live Killers” - 1979
Black Sabbath – “Live at Last” – 1980
U2 – “Under a Blood Red Sky” - 1983
Iron Maiden – “Live After Death” – 1985
Scorpions – “Word Wide Live” – 1985




Quem estuda a cultura rock já deve ter lido que muitos destes discos recebiam um “retoque” especial antes de serem soltos no mercado. Os famosos overdubbings. Algumas partes (ou muitas) do álbum eram retocadas em estúdio, às vezes até mesmo som de plateia era adicionado. Alguns artistas defendem abertamente tal prática, alegando que a captação do som ao vivo apresenta falhas corriqueiras. Para alguns fãs radicais isso soa como enganação.



A cultura dos álbuns ao vivo chegou a um ponto em que muitos discos piratas (“bootlegs”, não lançados oficialmente por gravadoras) fizeram sucesso no mercado paralelo, virando item obrigatório junto a qualquer coleção. Muitos com qualidade irrepreensível (oriundos provavelmente da mesa de som do palco), outros captados com rústicos gravadores de gente do público. Até hoje os colecionadores de LP disputam alguns desses álbuns. Alguns exemplos famosos de live bootlegs são o "Asbury Park" (Black Sabbath, 1975), "Berlin 5.29.70" (Deep Purple, 1970) ou  "Destroyer" (Led Zeppelin, 1977). Em 1994 houve uma disputa judicial por ninguém menos que os remanescentes dos Beatles contra o lançamento de um show da banda de 1961, ocorrido na Alemanha ("Live at Star-Club-Hamburgo"). Hoje tal áudio se encontra facilmente na net. Nos anos 2000, o Pearl Jam, preocupado com a gravação de shows, chegou a lançar oficialmente dezenas de álbuns ao vivo, visando evidentemente em filar mais essa fatia mercadológica.

No Brasil, a prática de se lançar discos ao vivo nunca foi muito intensa. Alguns álbuns foram bem celebrados, seja pela ousadia ou pela força de suas vendas. Podemos citar "Mutantes Ao Vivo" (Mutantes,1976), "Korzus ao Vivo" (Korzus, 1985), "Made Pirata Vol. I e II" (Made in Brazil 1986), "Rádio Pirata ao Vivo" (RPM, 1986), "Barão ao Vivo" (Barão Vermelho, 1989), "RDP ao Vivo" (Ratos de Porão, 1992), "Acústico MTV" (Legião Urbana, 1999), dentre outros.

Mas a era da venda de discos passou, sobrevivendo ainda com pouca força nos dias de hoje. Se discos físicos não são mais objeto de posse dos fãs mais jovens, o que dirá do mercado de álbuns ao vivo? É bem comum hoje em dia a moçada se apegar em 3 ou 4 músicas de um álbum recém lançado, enterrando no passado o termo “B-Side” (oriundo dos 2 lados do antigo bolachão). Além do fato de que dezenas de milhares de vídeos de shows ao vivo são despejados anualmente no youtube, alguns captados desde toscas câmeras de celular até filmagens profissionais de canais de TV. É comum acontecer um show hoje e amanhã poder conferi-lo como foi.

Muitos artistas e gravadoras hoje em dia se relutam até mesmo a gravar um álbum de estúdio, contrafaceando os custos de produção com a arrecadação de vendas dos álbuns. Um investimento salgado num disco ao vivo torna-se então uma aventura arriscada. No máximo o produto planejado é um DVD/Blue Ray.


À luz dos novos costumes, podemos decretar que a cultura dos discos ao vivo vai sobreviver apenas na arte da coleção. E praticada, em sua grande maioria, por gente acima dos 40. Em suma, quer quiser saber como é a performance ao vivo de seus artistas favoritos, torre uma grana para ir ao show, ou então estoure um saco de pipoca e confira como puder, entre seu sofá e sua smart TV.

Álbuns ao Vivo: ainda são necessários?



Nos anos 1970 e 1980 uma das grandes expectativas dos fãs de rock eram os lançamentos de álbuns ao vivo de suas bandas favoritas. Era uma forma de se ouvir seu heróis executando nos shows seus trabalhos de estúdios. Alguns desses álbuns são considerados clássicos do rock, nivelados em sua importância até mesmo aos discos produzidos em estúdios. Muitos deles ganharam a opinião (praticamente) unânime do público consumidor. Vamos a alguns exemplos:

The Who – “Live At Leeds” - 1970
Deep Purple – “Made in Japan” – 1972
Uriah Heep – “Uriah Heep Live” – 1973
Kiss – “Alive I” - 1975 e “Alive II” - 1977
Led Zeppelin – “The Songs Remains the Same” – 1976
Peter Frampton – “Frampton Comes Alive” – 1976
Rush – “All the World's a Stage” - 1976
Rainbow – “On Stage” - 1977
Thin Lizzy – “Live and Dangerous” – 1978
Judas Priest – “Unleashed the East” – 1979
UFO – “Strangers In The Night” - 1979
Queen – “Live Killers” - 1979
Black Sabbath – “Live at Last” – 1980
U2 – “Under a Blood Red Sky” - 1983
Iron Maiden – “Live After Death” – 1985
Scorpions – “Word Wide Live” – 1985




 Quem estuda a cultura rock já deve ter lido que muitos destes discos recebiam um “retoque” especial antes de serem soltos no mercado. Os famosos overdubbings. Algumas partes (ou muitas) do álbum eram retocadas em estúdio, às vezes até mesmo som de plateia era adicionado. Alguns artistas defendem abertamente tal prática, alegando que a captação do som ao vivo apresenta falhas corriqueiras. Para alguns fãs radicais isso soa como enganação.



A cultura dos álbuns ao vivo chegou a um ponto em que muitos discos piratas (“bootlegs”, não lançados oficialmente por gravadoras) fizeram sucesso no mercado paralelo, virando item obrigatório junto a qualquer coleção. Muitos com qualidade irrepreensível (oriundos provavelmente da mesa de som do palco), outros captados com rústicos gravadores de gente do público. Até hoje os colecionadores de LP disputam alguns desses álbuns. Alguns exemplos famosos de live bootlegs são o "Asbury Park" (Black Sabbath, 1975), "Berlin 5.29.70" (Deep Purple, 1970) ou  "Destroyer" (Led Zeppelin, 1977). Em 1994 houve uma disputa judicial por ninguém menos que os remanescentes dos Beatles contra o lançamento de um show da banda de 1961, ocorrido na Alemanha ("Live at Star-Club-Hamburgo"). Hoje tal áudio se encontra facilmente na net. Nos anos 2000, o Pearl Jam, preocupado com a gravação de shows, chegou a lançar oficialmente dezenas de álbuns ao vivo, visando evidentemente em filar mais essa fatia mercadológica.

No Brasil, a prática de se lançar discos ao vivo nunca foi muito intensa. Alguns álbuns foram bem celebrados, seja pela ousadia ou pela força de suas vendas. Podemos citar "Mutantes Ao Vivo" (Mutantes,1976), "Korzus ao Vivo" (Korzus, 1985), "Made Pirata Vol. I e II" (Made in Brazil 1986), "Rádio Pirata ao Vivo" (RPM, 1986), "Barão ao Vivo" (Barão Vermelho, 1989), "RDP ao Vivo" (Ratos de Porão, 1992), "Acústico MTV" (Legião Urbana, 1999), dentre outros.

Mas a era da venda de discos passou, sobrevivendo ainda com pouca força nos dias de hoje. Se discos físicos não são mais objeto de posse dos fãs mais jovens, o que dirá do mercado de álbuns ao vivo? É bem comum hoje em dia a moçada se apegar em 3 ou 4 músicas de um álbum recém lançado, enterrando no passado o termo “B-Side” (oriundo dos 2 lados do antigo bolachão). Além do fato de que dezenas de milhares de vídeos de shows ao vivo são despejados anualmente no youtube, alguns captados desde toscas câmeras de celular até filmagens profissionais de canais de TV. É comum acontecer um show hoje e amanhã poder conferi-lo como foi.

Muitos artistas e gravadoras hoje em dia se relutam até mesmo a gravar um álbum de estúdio, contrafaceando os custos de produção com a arrecadação de vendas dos álbuns. Um investimento salgado num disco ao vivo torna-se então uma aventura arriscada. No máximo o produto planejado é um DVD/Blue Ray.


À luz dos novos costumes, podemos decretar que a cultura dos discos ao vivo vai sobreviver apenas na arte da coleção. E praticada, em sua grande maioria, por gente acima dos 40. Em suma, quer quiser saber como é a performance ao vivo de seus artistas favoritos, torre uma grana para ir ao show, ou então estoure um saco de pipoca e confira como puder, entre seu sofá e sua smart TV.

Álbuns ao Vivo: ainda são necessários?



Nos anos 1970 e 1980 uma das grandes expectativas dos fãs de rock eram os lançamentos de álbuns ao vivo de suas bandas favoritas. Era uma forma de se ouvir seu heróis executando nos shows seus trabalhos de estúdios. Alguns desses álbuns são considerados clássicos do rock, nivelados em sua importância até mesmo aos discos produzidos em estúdios. Muitos deles ganharam a opinião (praticamente) unânime do público consumidor. Vamos a alguns exemplos:

The Who – “Live At Leeds” - 1970
Deep Purple – “Made in Japan” – 1972
Uriah Heep – “Uriah Heep Live” – 1973
Kiss – “Alive I” - 1975 e “Alive II” - 1977
Led Zeppelin – “The Songs Remains the Same” – 1976
Peter Frampton – “Frampton Comes Alive” – 1976
Rush – “All the World's a Stage” - 1976
Rainbow – “On Stage” - 1977
Thin Lizzy – “Live and Dangerous” – 1978
Judas Priest – “Unleashed the East” – 1979
UFO – “Strangers In The Night” - 1979
Queen – “Live Killers” - 1979
Black Sabbath – “Live at Last” – 1980
U2 – “Under a Blood Red Sky” - 1983
Iron Maiden – “Live After Death” – 1985
Scorpions – “Word Wide Live” – 1985




 Quem estuda a cultura rock já deve ter lido que muitos destes discos recebiam um “retoque” especial antes de serem soltos no mercado. Os famosos overdubbings. Algumas partes (ou muitas) do álbum eram retocadas em estúdio, às vezes até mesmo som de plateia era adicionado. Alguns artistas defendem abertamente tal prática, alegando que a captação do som ao vivo apresenta falhas corriqueiras. Para alguns fãs radicais isso soa como enganação.



A cultura dos álbuns ao vivo chegou a um ponto em que muitos discos piratas (“bootlegs”, não lançados oficialmente por gravadoras) fizeram sucesso no mercado paralelo, virando item obrigatório junto a qualquer coleção. Muitos com qualidade irrepreensível (oriundos provavelmente da mesa de som do palco), outros captados com rústicos gravadores de gente do público. Até hoje os colecionadores de LP disputam alguns desses álbuns. Alguns exemplos famosos de live bootlegs são o "Asbury Park" (Black Sabbath, 1975), "Berlin 5.29.70" (Deep Purple, 1970) ou  "Destroyer" (Led Zeppelin, 1977). Em 1994 houve uma disputa judicial por ninguém menos que os remanescentes dos Beatles contra o lançamento de um show da banda de 1961, ocorrido na Alemanha ("Live at Star-Club-Hamburgo"). Hoje tal áudio se encontra facilmente na net. Nos anos 2000, o Pearl Jam, preocupado com a gravação de shows, chegou a lançar oficialmente dezenas de álbuns ao vivo, visando evidentemente em filar mais essa fatia mercadológica.

No Brasil, a prática de se lançar discos ao vivo nunca foi muito intensa. Alguns álbuns foram bem celebrados, seja pela ousadia ou pela força de suas vendas. Podemos citar "Mutantes Ao Vivo" (Mutantes,1976), "Korzus ao Vivo" (Korzus, 1985), "Made Pirata Vol. I e II" (Made in Brazil 1986), "Rádio Pirata ao Vivo" (RPM, 1986), "Barão ao Vivo" (Barão Vermelho, 1989), "RDP ao Vivo" (Ratos de Porão, 1992), "Acústico MTV" (Legião Urbana, 1999), dentre outros.

Mas a era da venda de discos passou, sobrevivendo ainda com pouca força nos dias de hoje. Se discos físicos não são mais objeto de posse dos fãs mais jovens, o que dirá do mercado de álbuns ao vivo? É bem comum hoje em dia a moçada se apegar em 3 ou 4 músicas de um álbum recém lançado, enterrando no passado o termo “B-Side” (oriundo dos 2 lados do antigo bolachão). Além do fato de que dezenas de milhares de vídeos de shows ao vivo são despejados anualmente no youtube, alguns captados desde toscas câmeras de celular até filmagens profissionais de canais de TV. É comum acontecer um show hoje e amanhã poder conferi-lo como foi.

Muitos artistas e gravadoras hoje em dia se relutam até mesmo a gravar um álbum de estúdio, contrafaceando os custos de produção com a arrecadação de vendas dos álbuns. Um investimento salgado num disco ao vivo torna-se então uma aventura arriscada. No máximo o produto planejado é um DVD/Blue Ray.


À luz dos novos costumes, podemos decretar que a cultura dos discos ao vivo vai sobreviver apenas na arte da coleção. E praticada, em sua grande maioria, por gente acima dos 40. Em suma, quer quiser saber como é a performance ao vivo de seus artistas favoritos, torre uma grana para ir ao show, ou então estoure um saco de pipoca e confira como puder, entre seu sofá e sua smart TV.

quinta-feira, 23 de junho de 2016

O desejo de compor se sobrepõe a qualquer cenário fonográfico


Recentemente Roger Daltrey, vocalista do The Who, declarou não ter interesse em lançar mais nenhuma música inédita. Há mais de 50 anos no microfone da banda inglesa, o cantor justifica tal intenção baseado no cenário fonográfico atual, onde a venda de álbuns físicos representa uma fatia mínima do bolo total de que consome música.  “Não há mais indústria musical. Precisaríamos pagar para gravar e não haveria garantia de retorno, pois os negócios não existem. Não pretendo gastar dinheiro para dar meu trabalho de graça. Tenho outras coisas em que poderia investir", declarou o cantor de 72 anos.

Há alguns anos, ao retomar as atividades em palco com sua banda, Twisted Sister, o vocalista Dee Snider afirmou que seus fãs não querem material novo, que apenam curtem os clássicos antigos de sua carreira. Desde então o grupo norte americano de hard rock tem se apresentado executando apenas músicas de seus quatro primeiros álbuns (até mesmo “Love is for Suckers”, de 1987, ficou de fora). O cantor, no entanto, prepara nos dias atuais, o lançamento de um novo álbum solo.

Os casos de The Who e Twisted Sister elucidam claramente uma visão mercadológica estática da música. Parecem se prender a uma fórmula explorada há 20 anos, milhões de discos vendidos, sucessos em rádios, em TV. A realidade cultural mudou há muito tempo. Nomes decanos como Paul Mc Cartney, David Gilmour, Deep Purple, Eric Clapton, Judas Priest, Scorpions, parecem se preocupar mais com a produção artística. Viveram sua vida fazendo música, criando, e continuam. Alguém pode alegar que são artistas milionários, que não precisam mais “vender” seu trabalho, além do que seus shows possam representar o equilíbrio financeiro de suas carreiras. Mas outros grupos como UFO, Accept,  Uriah Heep, ZZ Top não estão exatamente nessa família de ricas bandas, mas continuam sua jornada de criar novos trabalhos, se adaptando aos (já não tão) novos costumes de consumir música. Estamos obviamente falando do mainstream musical, porque o cenário underground é um outro universo.

Alguns outros exemplos, que se encontram entre os nomes top do show bussines do rock and roll, como Kiss, Iron Maiden, Metallica, U2, além de continuarem a vender álbuns (na proporção do consumo) e ter seus shows entre os mais caros do planeta, ainda são empresariados por gente que soube associar seus nomes a outras facetas comerciais além-música, como bebidas, cinema, moda, etc.


A proposição aqui é a questão do músico não aposentar seu desejo de continuar compondo, produzindo. Podem sim ter seus lucros a partir de venda de seu trabalho em forma digital (Spotify, ITunes, Amazon.com, etc) ou com uma rotina não tão constante de shows, mas o amor à arte de criação parece não desaparecer. Formações monstruosas como Led Zeppelin, Pink Floyd, Black Sabbath e Rush (ambos em encerramento de carreira), ao que parece não vão mais produzir material inédito. Mas seus integrantes, em seus diversos voos solos, continuarão. Pois a arte da composição é um elemento enraizado na alma de quem se mete a fazer música. Ou, pelo menos, na da grande maioria.

sábado, 7 de maio de 2016

Axl no AC/DC - O fiasco que se transformou numa surpreendente união


O papo agora é sobre Axl Rose. O cara foi sem dúvida uma revolução do rock na virada dos 80 pros 90. "Apetite For Destruction" será sempre um dos melhores discos de estreia (e também do rock) da história do mundo rock and roll. Aí veio a fama, as vendas, o estrelado e o Guns se diluiu. Slash, o grande pilar fez outras coisas com outras bandas, e uma formação frankstein do Guns andou perambulando por aí. Um disco muito comentado chamado "Chinese Democracy", que durou 20 anos pra sair, no final se mostrou um grande engodo, em termos de composições. Quando tudo era só história, eis que uma reunião dos membros principais pos o Guns N' Roses de novo na mira da atenção do showbiz.

Comentários sobre uma reunião envolta a muitos dólares, desconfianças, rejeições. e eis que Mr. Rose reaparece cantando muito bem. Interpretando sua própria obra, mas de maneira madura e com performances rejuvenescidas. Parece que o cara encontrou uma zona de performances vocais que combina seu poder limitado com sua idade. E, não é que o cidadão mandou bem?

Então, eis que uma das maiores bandas de todos os tempos, 300 Terabytes de conteúdo acima de Guns, anuncia o afastamento de seu vocalista, Brian Johnson, ativo com a esquadra australiana desde 1980. E, não demorou pra boatos, fotos, flagrantes anunciarem que o americano Axl seria o novo vocalista. 

Fãs antigos, puristas, AC maniacs, regurgitando manifestações contra esse encontro. Gente falando que era uma jogada de marketing, unir um monstro do rock a um vocalista há tempos no ostracismo, mas que detém um holofote eterno no cenário mundial da música rock.

Claro que achei um absurdo. São escolas diferentes. Mas o mundo  da música é muito surpreendente. E não é que funcionou? Pelos primeiros vídeos divulgados algumas músicas ficaram muito boas na voz do cantor do Guns. Acho que, nós velhos e tradicionais consumidores do modelo definido das grandes bandas, às vezes somos muito radicais no sentido de mudanças, no sentido de alterar um modelo forjado há muitas décadas. E deixamos de enxergar que a qualidade final de alguns arranjos pode ser boa, agradável e não ferir a qualidade conhecida de determinada banda.

Não me excluo dessa lista. AC/DC é lenda. Figura constante nos TOP 10 dos mais fervorosos cultuadores do universo rock and roll. Assim como torci meu nariz para essa nova formação da banda, mas rock and roll é atitude, inconformismo cultural e mente aberta pra qualquer novo formato de textura musical. Então posso afirmar, no alto do meu ávido purismo clássico aos formatos rock já forjados até hoje, que fico contente com a performance de Axl junto ao AC (pelos parcos vídeos até agora do show de Portugal, em Maio de 2016). 

Esperava um desastre e me deparei com uma alegre surpresa. Axl, que há 8 meses estava morto no mundo do rock, ressurge com 2 gigantescas frentes. Volta a ser falado, volta a ser notícia. Mas o mais agradável de tudo, volta a ter, no mínimo um bom desempenho artístico, fazendo as vozes de forma complacente, de duas bandas eternamente históricas. Não vai ser pra sempre, Bon se foi, Brian se afasta por doença. Se a estrada do inferno da banda se mostra bem encaminhada, pelo menos que seja de forma marcante e rebelde. Como foi sempre o rock and roll do AC/DC.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

O fim das grandes bandas: agora uma questão de tempo


Na história da música rock encontramos diversos casos em que o artista interrompeu precocemente sua trajetória, vindo a falecer com pouco tempo de carreira. Diversos e importantes nomes podem ser citados nesse contexto, Jimi Hendrix, Janis Joplin, Keith Moon, Ronnie Van Zant, Brian Jones, Steve Ray Vaughan, Bon Scott, dentre outros. Alguns deles, por excesso de drogas ou álcool, outros por trágicos acidentes. Todos num momento em que suas obras estavam no topo. E podemos deixar nossa imaginação trabalhar para situarmos como estariam suas carreiras se hoje estivessem ainda vivos, e quanta música de qualidade poderia ter sido por eles produzida nas últimas décadas.

Mas também nos deparamos com artistas do rock que encontram seu fim em experiente estágio de idade. Foi assim com BB King, Alvin Lee, John Lord, Johnny Winter, Rich Wright, Dio, Jack Bruce, etc. Tais nomes produziram décadas de inesquecíveis discos e shows.

Mas, em dezembro de 2015, com a morte de Lemmy Kilmister, do Motorhead, nós amantes da música rock iniciamos uma fase com a qual sabíamos que começaria, mas não desejávamos que acontecesse: o fim de grandes bandas pela mortes de seus mentores. Mesmo que Lemmy tenha tido uma vida cercada de excessos, o que pode ter corroído por demais sua condição de saúde, sua passagem aos 70 anos veio para nos avisar que muitas bandas vão encerrar suas carreiras, que ficarão marcadas no tempo como tantas outras que tiveram sua trajetória concluída, como Beatles, Led Zeppelin, Cream, Free, Genesis, dentre outros monstros sagrados.

Nos próximos 10 ou 15 anos isso se repetirá com muita constância. Testemunharemos o enterro de bandas como Deep Purple, Rolling Stones, The Who, Judas Priest, Black Sabbath, AC/DC, Aerosmith, Rush, Scorpions, e outras, bem como de seus principais mentores. É a força to tempo atuante sobre uma arte que gera grupos com 40 e 50 anos de carreira. Algumas versões atuais (e discutíveis) enxertadas de membros novos (como o caso do atual Queen), poderão ainda assinar sua carreira com o nome de batismo da banda, mas isso já é outra história.


Sempre vai haver, dentre o público consumidor, aquela velha e eterna polêmica de que não existem mais grandes bandas geradas nos últimos anos, que a época gloriosa do rock acabou, o novo versus o antigo, etc. Mas a grande reflexão é sobre um fato inevitável: as bandas gigantes, com meio século de atividade, estarão mesmo se extinguindo, mas apenas no tocante da produção de novas músicas e shows. Porque sua obra nunca vai morrer. Se hoje um garoto de 13 anos descobre a obra de uma banda como Blue Cheer, Mountain, MC5, e por ela se apaixona, isso se repetirá pelas décadas vindouras.