Na história da música rock encontramos diversos casos em que
o artista interrompeu precocemente sua trajetória, vindo a falecer com pouco
tempo de carreira. Diversos e importantes nomes podem ser citados nesse
contexto, Jimi Hendrix, Janis Joplin, Keith Moon, Ronnie Van Zant, Brian Jones,
Steve Ray Vaughan, Bon Scott, dentre outros. Alguns deles, por excesso de
drogas ou álcool, outros por trágicos acidentes. Todos num momento em que suas
obras estavam no topo. E podemos deixar nossa imaginação trabalhar para
situarmos como estariam suas carreiras se hoje estivessem ainda vivos, e quanta
música de qualidade poderia ter sido por eles produzida nas últimas décadas.
Mas também nos deparamos com artistas do rock que encontram
seu fim em experiente estágio de idade. Foi assim com BB King, Alvin Lee, John Lord, Johnny Winter, Rich Wright,
Dio, Jack Bruce, etc. Tais nomes produziram décadas de inesquecíveis
discos e shows.
Mas, em dezembro de 2015, com a morte de Lemmy Kilmister, do
Motorhead, nós amantes da música rock iniciamos uma fase com a qual sabíamos
que começaria, mas não desejávamos que acontecesse: o fim de grandes bandas
pela mortes de seus mentores. Mesmo que Lemmy tenha tido uma vida cercada de
excessos, o que pode ter corroído por demais sua condição de saúde, sua
passagem aos 70 anos veio para nos avisar que muitas bandas vão encerrar suas
carreiras, que ficarão marcadas no tempo como tantas outras que tiveram sua
trajetória concluída, como Beatles, Led Zeppelin, Cream, Free, Genesis, dentre
outros monstros sagrados.
Nos próximos 10 ou 15 anos isso se repetirá com muita
constância. Testemunharemos o enterro de bandas como Deep Purple, Rolling
Stones, The Who, Judas Priest, Black Sabbath, AC/DC, Aerosmith, Rush,
Scorpions, e outras, bem como de seus principais mentores. É a força to tempo
atuante sobre uma arte que gera grupos com 40 e 50 anos de carreira. Algumas
versões atuais (e discutíveis) enxertadas de membros novos (como o caso do
atual Queen), poderão ainda assinar sua carreira com o nome de batismo da
banda, mas isso já é outra história.
Sempre vai haver, dentre o público consumidor, aquela velha
e eterna polêmica de que não existem mais grandes bandas geradas nos últimos
anos, que a época gloriosa do rock acabou, o novo versus o antigo, etc. Mas a
grande reflexão é sobre um fato inevitável: as bandas gigantes, com meio século
de atividade, estarão mesmo se extinguindo, mas apenas no tocante da produção
de novas músicas e shows. Porque sua obra nunca vai morrer. Se hoje um garoto
de 13 anos descobre a obra de uma banda como Blue Cheer, Mountain, MC5, e por
ela se apaixona, isso se repetirá pelas décadas vindouras.