O nome “Rock” consta no batismo do evento, que aconteceu no
Brasil pela primeira vez em 1985. Por isso existe muita indignação dos fãs de
rock pela presença de artistas de outros estilos em alguns dias do festival.
Mas esqueçamos os interesses de mídia, gravadoras, etc. Afinal, pra quem
anuncia (investe milhões em publicidade) tem muito interesse em ter artistas
populares no evento.
1)
Dos três grandes shows de headliners TODOS eram
de rock: Metallica, Bruce Springsteen e Iron Maiden
2)
Dos headliners comentados, dois eram de heavy
metal, um estilo que mais sofre ojeriza e rejeição, mesmo dentro de
consumidores do mercado rock em geral.
3)
O Metallica, que já havia brilhado em 2011 (na
edição desse mesmo evento) é essencialmente uma banda de thrash metal (foi o
que constou no último disco da banda, “Death Magnetic”), um dos estilos mais
agressivos de rock. Mesmo que tenha caído nas graças do mundo da música popular
com o disco “Metallica”, de 1991, a aura de seu show é de músicas rápidas e
pesadas. E ainda tivemos a deliciosa agressão sonora do Slayer no Palco Mundo.
Jamais os conhecedores da música pesada imaginariam tal atração em frente a 80
mil pessoas num festival deste tipo.
4)
O Iron Maiden brilhou como sempre, em sua
terceira aparição neste festival. Uma das bandas mais adoradas no Brasil. Com
um show especial (turnê de 25 anos do disco “Seventh Son of a Seventh Son”).
5)
Show de nomes como Alice in Chains, Bon Jovi,
Muse e Robie Zombie, por mais que dividam opiniões, agradaram suas plateias e
fizeram shows com muita energia. Novidades como Philips Philips e Ben Harper, fizeram
shows tecnicamente irrepreensíveis.
6)
O palco Sunset, muito criticado pela estrutura
na edição anterior, esse ano foi essencial e apresentou shows memoráveis.
Sepultura é uma banda que divide opiniões, os antigos acham que estão perdidos
e forçados, os mais novos acharam interessante essa parceria com nomes como Zé
Ramalho. Mas, mesmo repetindo uma fórmula já explorada na última edição
(Tambours Du Bronx), trouxe as tradicionais performances competentes e fez a
alegria da massa headbanger.
7)
Nunca se imaginaria que bandas como Slayer, Helloween,
Destruction, Sebastian Bach, Offspring tocariam algum dia num evento de apelo
popular como o Rock in Rio.
8)
Bandas nacionais, sempre relegadas ao circuito
undeground em que pese sua história, competência e criação musical, tiveram sua
chance. Nomes como Almah, Hibria, Viper, André Matos, Krisiun e Dr. Sin fizeram
set excelentes (alguns tiveram performances espetaculares). Em outros tempos
quem ocuparia este espaço seriam bandas de emocore, pop-rock ou hardcore
melódico. Não esqueçamos que nomes fortes de TV e mídia como Cachorro Grande,
Restart, CPM22, Fresno, Los Hermanos, Pitty, O Rappa, Raimundos, RPM são muito
mais conhecidos na mídia e foram preteridos por bandas de hard e metal. Isso, a
meu ver, é uma amostra da força que estes estilos têm entre os consumidores de
rock. E quem atua na mídia de show business deve ter percebido isso (o público
do Sunset do domingo foi o maior do festival).
9)
Claro que todo fã de rock teria uma sugestão
diferente de cast, para qualquer dia. Muitos se incomodam com presença de nomes
como Ivete Sangalo ou Beyonce. Mas, como eu falei em alguns comentários
anteriores, pensemos que o festival tivesse outro nome, “Rio Music Festival”,
por exemplo, que traz durante três ou quatro dias grandes shows de rock. E
hoje, com a presença de canais fechados de TV, em quase toda residência, temos
a chance de assistir o festival praticamente na íntegra, pra quem não teve a
chance de estar lá presente. Se não existisse o Rock in Rio, mesmo com artistas
de outros estilos em sua escalação, grandes de bandas de rock não estariam
sendo comentadas ou expostas. Mais de uma dezena de bons e memoráveis shows
numa só semana.
10)
Não se sabe que, daqui a 15 anos, quando não
mais estiverem em atividade nomes como McCartney, AC/DC, U2, Kiss, Van Halen,
Maiden, Metallica, Stones, Guns N’Roses, Rush e outros (nomes que lotam
estádios sozinhos e sempre serão headliners), quais serão os grandes artistas
cotados a fechar megaeventos como o Rock in Rio. Mas isso será futuro, por hoje
vimos alguns destes nomes fazerem shows no ápice de suas formas, sem soar
caóticos ou cheirando naftalina decadente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário