Começo apregoando contra o sentido saudosista do título
acima. Afinal música é eterna. Mesmo que músicos morram, que bandas se
aposentem, sua obra ficará pra sempre e sempre será ouvida e resgatada por
todas as gerações vindouras. Se, claro, ela tiver conteúdo e relevância. Os
Beatles lançaram o último disco em 1970 (há 43 anos), Led Zeppelin em 1980,
Hendrix em 1970, Cream em 1969. E todos eles ainda ecoam e povoam aparelhos e
ouvidos de muito apreciador de música, desde um teenager até um sócio da
terceira idade.
Muita gente costuma insistir que, da década de 1990 pra cá
nada se produziu de qualidade em termos de rock. Invariavelmente, são pessoas
que focam seus gostos e interesses nas músicas de décadas anteriores a esta. À
luz da minha humilde análise, música boa não tem época. Pode ter sido criada 50
anos atrás ou na semana passada. Evidentemente, no mundo do rock, alguns
artistas são seminais, forjaram padrões de arranjos, harmonias e produção, no
que se convencionada chamar-se de “estilo”. Mas não nos esquecemos de que o
próprio Led Zeppelin quando surgiu foi taxado de plagiador, por se utilizar de
linhas anteriormente concebidas de blues em cima delas criar novas tendências
de efeitos e melodias. Então, música é transformação. Se você gosta de algo
novo, que te traga prazer e diversão, não tem problema. Música é pra isso
mesmo. Pelé não joga mais, mas ainda podemos ter momentos de regozijo
futebolísticos com Neymares e Messis de hoje em dia, num ensaio metafórico.
Então porque abrir este texto com tal título “O mundo do
rock ainda precisa do Black Sabbath”? Simples. O Sabbath, na visão acho que da
maioria, criou o heavy metal. Lançou discos brilhantes e fez shows poderosos
nos anos 1970. E depois dele, muita coisa se desenvolveu e se expandiu no mundo
da música. Mas, em 2013, eis que 3/4 da banda originou concebeu “13”, um disco
de estúdio com faixas inéditas. E o resultado mostrou que a banda soube
explorar o máximo da tecnologia de produção contemporânea para mostrar ao mundo
do rock que ainda tem poder de fogo em termos de composição. Então o universo
do rock dos dias de hoje pode entender que talento não tem idade. É uma amostra
analógica de que o rock é eternamente jovem, e é concebido na junção
atmosférica dos elementos energia, alegria e melodia. Seja de Chuck Berry, seja
do ultra-hiper-pesado-death-grind-noise, seja do
viajante-alucinógino-progessivo, seja do alegre-hair-happy-colorido-rock.
Além disso, o Sabbath começou uma (que pode ser a última)
turnê de sua vida. O Ozzy não é mais o mesmo, não tem mais aquela disposição?
Claro que não. Tem 64 anos e uma vida de excessos que o tempo não tarda em
cobrar. Mas e daí? As performances estão longe de serem constrangedoras ou
degradantes. Além disso tudo, essa história toda de disco novo e turnê da
formação (quase) original dá ao rock e ao metal uma exposição significante no
mundo do showbizz musical. Quantos novos garotos não vão conhecer e talvez se
interessar por esses velhinhos e sua música pesada. E, até onde a idade
permitir, porque não pensar na maravilhosa ideia de uma coexistência de
artistas sessentões (setentões, certo Macca e Jagger?) a nomes não tão experientes
mas ainda históricos (a turma dos 80) e às bandas surgidas nas últimas décadas?
O mundo do rock precisa do Sabbath para evidenciar e
relembrar sua história. Assim como precisa do Floyd, AC/DC, Purple, Who, Queen
e uma infinidade de monstros sagrados. Estejam eles compondo coisas novas e
tocando por aí ou não. Mas, não exijamos muito de nosso raciocínio: velho ou
novo, só estará em evidência se existir alguma novidade acerca de sua obra. Não
necessariamente uma turnê, como provou o “Celebration Day” do Led.
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